Este é o relato da minha primeira experiência de trabalho consciente no mundo astral interagindo com o Mestre Saito e seus guerreiros. Foi um sonho mediúnico consciente.
Tudo começou no ambiente moderno de uma universidade, lugar que, só para variar, nunca estive e não conheço. Estávamos eu e meu amigo oriental, também desconhecido, caminhando por entre as pessoas para chegar ao restaurante universitário. Me sentia um estudante naquele cenário.
Era horário de almoço e o ambiente estava lotado quando chegamos. Eu não conhecia ninguém, mas meu amigo logo encontrou com quem conversar e eu fui com ele procurando me enturmar enquanto pegávamos a fila para conseguir uma refeição. Me lembro muito bem dele. Era magro e alto, com um rosto que lembra o povo japonês, igualmente magro, esguio e quadrado, com lábios e sobrancelhas finas. Tinha olhos escuros e um cabelo negro, curto, mas com uma franja grande jogada para o lado direito e que se ondulava perto das pontas.
Este ambiente universitário era só um local de encontro. Em pouco tempo, o amigo oriental bateu nas minhas costas e avisou que estava na hora de pegarmos nossas armas e partirmos. Imediatamente o cenário mudou. Eu estava sozinho no alto de uma montanha rochosa, cujas rochas eram negras e arredondadas. O ambiente estava úmido e haviam fungos sobre as pedras. Uma neblina densa envolvia o local. Talvez fossem nuvens mesmo já que o local parecia ser muito alto. A névoa permitia ver apensas o que estava muito perto.
Foi quando ouvi sons de uma correria desesperada e do meio da neblina surgiu uma criança de cabelos castanhos claros que deveria ter entre 10 e 12 anos. Estava vestido com roupas antigas, cor natural de linho. Usava calças, botas marrons em couro, uma camisa de mangas longas do mesmo material das calças. A camisa não tinha botões. Ela se fechava com um lado da camisa sobre o outro e ambos envoltos por um cinto. Eram roupas aparentemente ocidentais, assim como o garoto também parecia ser.
Quando ele se aproximou o suficiente pude ver o porque da correria. Estava sendo perseguido por um tipo de guerreiro oriental com uma arma que lembrava um facão grande. Foi neste momento que o inesperado aconteceu. O garoto que fugia, se virou contra seu perseguidor e num salto magnífico, se colocou sobre o ombro de seu oponente, derrubando-o no chão com uma chave de braço e imobilizando o facão. Foi realmente espetacular a movimentação do menino. Entretanto, seu oponente era muito forte e, mesmo imobilizado, o garoto não tinha força o suficiente para tomar a arma do homem.
Era uma questão de tempo até a situação se inverter e resolvi entrar na briga em favor da criança. Só deu tempo de pensar. Outro guerreiro, com rosto oriental, chegou subitamente ao cenário. Ele estava armado com um sistema de garras afiadas que empunhava em suas mãos e que o fazia parecer com o Wolverine das estórias em quadrinhos. Foi imediatamente ao oponente da criança e o decapitou num segundo com suas garras afiadas. Foi uma cena brutal e muito chocante.
O guerreiro então, calmamente deu as mãos para a criança e também para mim, nos transportando instantaneamente para outro local. Era uma construção fantástica, composta por um prédio térreo retangular feito em pedra branca com um pátio interno, cujo chão que era revestido com pedriscos brancos. Existiam colunas ao redor dos corredores que contornavam o pátio e que lembravam construções gregas antigas. O pátio interno estava iluminado pela lua e uma leve garoa chegava ao loal. Eu estava em um dos corredores do local, olhando para o pátio onde estavam o garoto e o guerreiro. Este, agora já não estava mais com suas lâminas de garras e empunhava uma linda catana. Estava empunhada em posição relaxada pelo guerreiro, cujos braços estavam abaixados e apontando a catana para o solo.
De repente, o guerreiro ergueu a espada na vertical, segurando-a junto ao corpo, com seu cabo na altura do umbigo e encostando a testa na lâmina. Concentrado, ele parecia se preparar para um combate, mas não haviam oponentes. O que estava acontecendo é que ele estava pressentindo a chegada dos seus oponentes. Muitas artes marciais têm esta característica: através do uso da meditação e atenção plena, usando sua aura, e, portanto, o seu corpo espiritual, o guerreiro antecipa a movimentação de seus oponentes, podendo assim eventualmente encerrar um combate com um único movimento preciso e antecipado.
Poucos segundos depois, o guerreiro afastou a criança para trás de si. A garoa fina que caia no local permitiu que eu percebesse e visualizasse a chegada daqueles que buscavam a criança. Quatro bolas de energia irregulares e translucidas chegaram, viajando em alta velocidade pelas diagonais do pátio que estavam de frente para o guerreiro, girando em torno de si próprias e fazendo uma trajetória espiralada em direção ao guerreiro e à criança. Quando pararam, quatro guerreiros se materializaram. Um combate pela criança resgatada teria início.
Aflito, pensei em voltar ao cenário anterior, mesmo sem saber como fazer isso, para pegar a espada do decapitado e tentar ajudar em alguma coisa. É loucura, eu sei. Eu não duraria um segundo entre eles, mas foi a única coisa que consegui pensar e era o que eu queria fazer. Foi no momento deste pensamento aflito que, no prédio atrás de mim, foi aberto um portal. Através deste portal, vi uma mata com árvores muito altas e uma neblina que cercava o local. De lá vinha um homem vestido todo de preto com roupas contemporâneas, calças e camisa de mangas longas, ambas de tecido fino, e sapato preto brilhante. Parecia que o homem, que caminhava na floresta, iria para uma festa. Estava elegante. Destoando do ambiente com sua roupa e, igualmente destoando, agora da sua roupa, o homem empunhava uma catana em sua mão direita.
Ele caminhou na minha direção e tive medo de ser decapitado também, afinal, não sabia quem era o sujeito. Foi quando, uma centena de metros atrás dele, apareceu o Mestre Saito. Interessante que foi como se eu olhasse com um binóculo. Quando me concentrei, parece que me aproximei de Mestre Saito e pude vê-lo perfeitamente. Estava vestido sua armadura samurai de guerra, toda vermelha, dos pés à cabeça, empunhando sua catana na vertical, com o cabo na altura do pescoço, ficando a lâmina entre seus olhos. Era ele quem mantinha o portal aberto, enviando reforços para auxiliar, o agora identificado, seu guerreiro que protegia a criança.
Quanto voltei a minha atenção para o homem vestido de preto, ele já havia passado pelo portal e estava no mesmo cenário que eu, a dois passos de mim. Aproximou-se e fincou a catana no chão e soube que ele trouxe o objeto do meu pensamento, uma arma para que eu pudesse lutar. Olhei para seu rosto e reconheci o amigo do restaurante universitário. Com as mãos limpas, este outro guerreiro de Mestre Saito foi ao combate em auxílio da criança e isso foi tudo o que me permitiram ver. Voltei ao meu corpo sentindo de perto a vibração de Mestre Saito.
Notem que nenhuma informação foi dada a respeito da situação e que eu não tive participação alguma no desenrolar dos fatos. Também não houve um ensinamento moral. A minha participação neste ato foi a de observar e aprender sobre aspectos técnicos do mundo espiritual e depois relatar através deste conto. Deixo então alguns apontamentos que pude notar e que estão em consonância com descrições do mundo espiritual: 1) Observando as vestimentas e os cenários, concluímos que épocas diferentes se correlacionaram e se superpuseram; 2) A movimentação toda pareceu uma viagem no tempo, em que cada cenário remetia a uma época distinta; 3) De acordo com os espíritos, o tempo como conhecemos na realidade não existe. Podemos suspeitar, e friso, suspeitar, desta forma, que realidades energético-espaciais distintas podem existir simultaneamente e os espíritos com grau de conhecimento elevado podem se transportar entre estas realidades; 4) Este transporte aparentemente é feito por portais de origem desconhecida por nós encarnados e que podem ser abertos e sustentados pela força mental de espíritos que possuam o conhecimento necessário para tal, como foi mostrado pelo Mestre Saito; 5) Aparentemente, enquanto em nossos corpos espirituais, nos transformamos em bólidos energéticos durante a travessia destes portais; 6) Espíritos treinados, encarnados ou não, podem perceber a energética material astral, bem como a energética e ideia dos pensamentos, como mostrou o guerreiro que antecipou a chegada de seus oponentes e o meu amigo oriental que trouxe a espada até mim estando atento aos meus pensamentos; 7) Enquanto libertos de nossos corpos materiais, este processo se torna mais eficiente.
Todas estas informações não são novidades. Estão todas bem descritas pelos espíritos nas obras básicas de Kardec. Entretanto, foi muito interessante poder vê-las em ação. Espero ter descrito suficientemente bem o ocorrido para que os leitores consigam recriar os cenários e eventos em suas mentes, vislumbrando igualmente tais fenômenos em suas mentes.
Lição de casa: 1) O espírito é um ente imortal. Então, o que significa decapitar um espírito? 2) Por que os embates ocorrem com armas e lutas e não são puramente mentais e/ou energéticos?
Que Deus te abençoe e ilumine!
São Carlos, 01 de novembro de 2021