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Em tempos de pandemia, Tranca Ruas das Almas, a quem chamo carinhosamente de Tranca, me levou para o que ele classifica como passeio. Sabemos que passeio de Exu da Lei de Deus termina em aprendizado né….E nem sempre é agradável. Então veja como aconteceu:
Fui levada para um terreiro que tinha firmezas em jarros de barro enormes em seu congá. Não pude ver quais elementos tinham dentro, apenas que velas lá queimavam. Me distraia olhando ao redor quando me assustei com Tranca apagando o fogo que consumia uma das firmezas. Com um gesto insano, na minha opinião é claro, pegou uma corrente que estava nessa firmeza em meio ao fogo e colocou no pescoço. Nem pensei, apenas gritei: Vai te queimar!
O Tranca me olhou com toda paciência e ternura e explicando: "Não se preocupe. Isso é para a nossa proteção. Agora se prepara para subirmos."
Logo pensei: Subirmos onde? Foi então que vi uma porta com vidros na parte de cima do terreiro e que podia ser acessada por uma escada numa área escura. Fixei meu olhar e estranhamente, já que, inocente, acreditei que lá estávamos apenas eu e o Tranca, vi uma pessoa subindo a escada em direção à tal porta. Apreensiva, fiz de conta que não era nada, não quis comentar, pois não queria demonstrar que estava com medo... mas estava apavorada! As vezes somos meio bobos mesmo, não é? Estava do lado de um Tranca Ruas das Almas e fiquei com medo? É como o próprio medo: irracional.
O Tranca, sentindo minha fragilidade, me abraçou e acenou com a cabeça para subirmos. Agora, com sentimento de proteção e encorajada, subi sem receios. Ao chegar no topo das escadas vi três portas, e incentivada pelo meu protetor, entrei por uma delas sem pensar. Imediatamente me senti sufocada. O ambiente era quente e faltava ar nos meus pulmões.
Trazendo calma, Tranca Ruas pede que eu preste atenção ao ambiente. Foi como se meus olhos se abrissem novamente. Fiquei espantada com o que via: eram muitas pessoas em leitos, precisando de ajuda, clamando por melhora das suas situações, rogando para que aquelas dores e sofrimentos parassem.
Haviam algumas pessoas ajudando, mas não era o suficiente. Eu estava imóvel, mal conseguia respirar. Tranca Ruas olhou nos meus olhos e sua força mais uma vez me tranquilizou. Acenou com a cabeça para sairmos daquele lugar e, conforme saíamos, eu continuava a ver espíritos em sofrimento, alguns chegando, outros saindo, correndo e gritando, enfim uma vibratória difícil de lidar.
Muito assustada, finalmente não pude me conter e disparei a perguntar ao Tranca Ruas: Que lugar é esse? Quem são essas pessoas? Por que estou vendo espíritos?
Entrei em desespero sem saber o que pensar...E lá veio o velho Tranca Ruas das Almas de sempre, trazendo algumas respostas para refletir e claro, gerar mais questões:
"Calma! Tenha calma. Viemos aqui para que conte aos outros o que viu e para que, você e quem mais quiser ajudar, entre em ação e nos ajude. Nesse momento de desespero terrestre, além de todos da terra ficarem doentes em algum nível, sem exceção. Os que desencarnam são especialmente afetados quando recebem toda essa vibração de medo e desequilíbrio, piorando seu quadro e atrasando sua recuperação e sua evolução. Além disso, esta vibratória ressoa e traz de volta muito sofrimento para os encarnados. Alguns conjuntos de desencarnados começam a se alimentar dessa reverberação energética danosa.
Precisamos de muita emanação de paz e equilíbrio, enfim, de muitos trabalhadores de Jesus engajados nesta obra. Só assim poderemos amenizar o sofrimento de cada desencarnado, mostrando que podem sentir amor e paz. Isso certamente se refletirá sobre os encarnados pelos quais estamos todos ligados pelos laços espirituais."
Fiquei estática, mergulhada em meus pensamentos e tentando entender tudo que me foi mostrado. Mais uma vez o Tranca me coloca em movimento, acenando para sairmos e dizendo que eu precisava continuar a experiência e que agora era momento de cuidar de mim mesma.
Saímos e, como mágica, estávamos em um consultório médico. Olhei a minha volta e veio até mim um senhor com jaleco branco, aparentando ser médico, dizendo que faria alguns exames. Ele me examinou, tirou amostras de sangue e me deixou sentada em uma maca. Fiquei ali, impaciente, pensando que não estava doente e me perguntando: O que afinal eu estou fazendo neste lugar se nem ao menos conheço este senhor?
Passado um tempo, que pareceu muito tempo, repentinamente o médico entrou no consultório com um semblante um tanto preocupado e disse: "Não tenho boas notícias. Infelizmente você tem uma doença rara no sangue. Precisa fazer tratamento e mudar seus hábitos."
Indignada, respondi ao doutor que era impossível, que era um engano, pois eu me sentia muito bem.
O doutor então retrucou: "Você está diante de uma oportunidade que muitos não tem que é a de saber sobre algo que ainda não se instalou em seu ser. Então, sugiro que pense, pense muito..."
Subitamente o Tranca Ruas apareceu e, me olhando com ternura, disse: "O que eu quero te mostrar com tudo isso é que, você, assim como todos a quem esta mensagem possa atingir, precisa se proteger, blindando as energias nocivas como inveja, insucesso, impotência e derrota que permeiam o planeta."
Continuando com um tom firme, quase rude, Tranca Ruas das Almas continuou: "No entanto, o que é preciso para que essa energia não os atinjam? Respondo. Não alimentem esses pensamentos desencarnados e encarnados que desestabilizam a vibratória global. Vocês devem, e certamente o podem, ser mais fortes do que isso. Bloqueiem com suas mentes essas energias malfazejas que se materializam em forma de doença, pânico e terror. Este poder é latente em todos. Para encontrá-lo, basta ao ser, desejar fazê-lo e praticar a busca do equilíbrio em todos os âmbitos. Então busquem e usem este poder latente ou realmente ficarão doentes e a ruína poderá atingi-los, como muitos assim o desejam. Estejam no controle de vossas vidas."
Com estas palavras se despediu.
Curitiba, 26 de março de 2020
Sonho mediúnico