ORAÇÃO
A oração é um ato de louvação a Deus através do qual expressamos uma necessidade íntima de comunicação e conexão com um Ente Maior, expressando desejos e agradecimentos ao Criador. Em resumo, o objetivo principal da oração é nos colocar em contato com entes maiores, espíritos evoluídos, mas acima de tudo, Deus. Este contato purifica nosso espírito e eleva nossas vibrações.
Todos nós oramos. Assim como a consciência da existência de Deus, ato de orar é intrínseco do ser. Podemos exemplificar como se faz uma oração, mas a oração íntima, aquela que realmente nos liga a Deus, só nós mesmos sabemos e podemos fazer. Cada um de nós tem o seu jeitinho, até mesmo quem diz que não ora, ou ainda, diz que não sabe orar. Nos momentos difíceis, ainda assim, ora, a seu modo, mas ora.
Mas, e os ateus? Oram? Oram sim. Tomemos o exemplo de um cientista ateu. Ele não ora a Deus pois pretende que Ele não exista. Entretanto, ora, por exemplo, ao ente maior de sua convicção, a ciência, que nada mais é do que a representação do seu deus. Ora para que a ciência prevaleça e liberte da ignorância aqueles aos quais o cientista ateu julga ignorantes. Ainda não entendeu que mesmo assim está orando a Deus pois a ciência gerada pelos humanos, a qual trata da tentativa organizada e racional da compreensão da natureza, nada mais faz do que tentar entender uma das facetas de Deus, a natureza e os fenômenos naturais que nos cercam. Então, ainda que cientista e ateu, ora. A conexão com um ser maior é intrínseca do ser humano. Buscamos isso a qualquer custo, mesmo que isso nos leve a endeusar algo ou alguém. Cansamos de ver isso na nossa sociedade com relação a artistas, políticos e jogadores de futebol entre outros.
Já o cientista não ateu, este ora, por exemplo, para Deus, pedindo que a ciência e a religião se encontrem e entrem em ressonância o mais breve possível.
O ponto básico aqui é o de que a oração deve ser feita com o coração, com intenção íntima pura e verdadeira. Na minha caminhada, a grosso modo eu tive contato maior com 3 maneiras de fazer a oração: 1) Mecânica; 2) Foco total; 3) Foco parcial.
Oração mecânica: É uma maneira muito utilizada na qual as pessoas louvam a Deus e fazem seus pedidos por meio de orações conhecidas como o Pai Nosso, a Ave-Maria, e as preces espíritas sugeridas no Evangelho Segundo o Espiritismo entre tantas outras. Entretanto, as orações mecânicas têm pouca eficiência. Segundo os ensinamentos do espíritos, a oração atinge seu objetivo quando feita de coração. A intenção é tudo na oração. Não há problema em fazer uma oração conhecida quando compreendemos e assimilamos suas palavras e a fazemos de coração. É tão eficaz quanto qualquer outra oração. A intenção é que indica o resultado da oração. Entretanto, em geral, quem se entrega às orações mecânicas sem sentimento acabam apenas por soltar palavras ao ar. Mesmo assim, a oração feita mecanicamente ainda tem sua maneira de trazer benefícios. Sabe quando estamos naquelas fases ruins, naquelas em que nem rezar queremos tamanho é o nosso desequilíbrio? Nestas fases a oração mecânica pode ajudar muito. Começamos a fazer a oração mecanicamente e esta ação inicia uma mudança lenta no nosso estado de espírito até que possamos voltar a fazer a oração com o coração. Ações mentais podem gerar palavras, mas palavras também geram ações mentais que vibram o nosso ser e a matéria astral ao nosso redor.
Oração com foco total: Este é o tipo de oração mais usada pelos rezadores e benzedores por conta da sua eficiência na solução de problemas variados. Como o próprio nome diz, é a oração feita com a mente totalmente focada no ato de orar louvando a Deus. É uma oração feita, em geral, com palavras geradas pelo coração e direcionadas aos agradecimentos, comunicações e pedidos pertinentes àquele momento da vida. Não há a necessidade de uso de palavras previamente preparadas como no caso da oração mecânica. Algumas pessoas defendem que esta é a única maneira eficaz de se fazer oração e afirmam mesmo que, se por um instante perder o foco durante a oração, esta deve ser reiniciada pois perdeu a sua eficácia. Na minha opinião, tudo o que é extremo tem suas limitações expostas. Acredito que foco e coração associados durante o ato de orar aumentam as chances de que possamos alcançar êxito na louvação ou aos nossos pedidos de solução de problemas ou melhoria de características morais pessoais, sempre lembrando que existe o crivo do merecimento que é reflexo de nossas ações. Entretanto, o ser humano, em geral, tem dificuldades para manter atenção total a algo durante muito tempo. Faça o teste: coloque uma pedrinha no chão e fique olhando para ela e mantenha-se apenas pensando que é uma pedra e nada mais. É certo que em alguns segundos você dará asas à sua imaginação ou aos pensamentos aleatórios e já se esqueceu da pedrinha. Isso faz parte de nós, o que nos leva à terceira maneira comum de orar que me parece a mais adaptada para a grande maioria de nós no dia a dia.
Oração com foco parcial: Classifico este tipo de oração como aquele em que iniciamos com foco total, com palavras do coração, e nos conectamos a Deus e/ou aos espíritos de luz, comungando destas vibratórias, e logo em seguida perdemos o foco naturalmente, deixando nossa mente viajar por situações da vida, do dia, pessoas, lugares, problemas não resolvidos, enfim, uma infinidade de coisas que compõem nossas vidas. Muito embora seja criticada pelos defensores da oração com foco total, acredito que a oração com foco parcial seja bastante funcional. Depois que nos conectamos com Deus, no momento em que nossa mente viaja pelos meandros de nossas vidas, a benção e a luz de Divina chega a todos e pode gerar as ações espirituais necessárias para cada situação. O cuidado básico é, obviamente, fazer a conexão com o Divino previamente, em foco total, além de, com muita atenção, não tornar a maneira de nos conectarmos em uma ação mecânica, perdendo a força do laço primordial com o Criador.
Para encerrar, gostaria de ressaltar ao leitor uma informação que achei curiosa na leitura do Livro dos Espíritos sobre o ato de pedir perdão pelos nossos erros como parte das nossas orações. É um ato muito comum, declarada inclusive na oração tradicional do Pai Nosso. Indagando sobre este ponto aos espíritos, Kardec recebeu uma resposta bastante direta afirmando que este pedido é inerte. O que vale mesmo neste caso, uma vez que Deus nos conhece a todos intimamente, são nossos esforços e ações de melhoria como ser humano. Pedir perdão e não agir para sua própria melhoria não leva a nada, raciocínio que, de fato, serve para tudo em nossas vidas.
Este foi o meu ponto de vista sobre as orações. E você, como faz as tuas orações?
Pai José de Ogum
Curitiba, 02 de junho de 2020.